Apesar de todas essas especulações, não existe nenhuma
evidência de que o Sars-CoV-2 tenha sido libertado propositalmente de um
laboratório.
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Quanto á a possibilidade de ele ter “escapado” sem querer de
um laboratório, devido a brechas na segurança, é menos improvável. Existem
relatórios americanos sobre instalações chinesas que apontam para algumas
irregularidades.
Uma certeza: não é um
vírus projetado em laboratório
Um rumor que se tornou viral em janeiro sugeria que o vírus
havia sido projetado em laboratório, como uma arma biologica.
Essa alegação já foi refutada por diversos cientistas em
diferentes estudos. Estes provam que o vírus não é um feito da engenharia
genética, mas sim originou-se em animais, provavelmente morcegos.
Por exemplo, uma pesquisa publicada em março na revista
Nature mostrou que o vírus não possui sinais de ter sido projetado.
Estudo conclui que
novo coronavírus evoluiu naturalmente
“Ao comparar os dados
disponíveis da sequência do genoma a cepas conhecidas de coronavírus, podemos
determinar firmemente que o SARS-CoV-2 originou-se através de processos
naturais”, disse um dos autores do estudo, Kristian Andersen, do Instituto
de Pesquisa Scripps (Califórnia, EUA).
Acidente?
Ok, não é uma arma biológica malevolamente liberada sobre a
população. Mas a suposição de que o coronavírus libertou-se acidentalmente de
um vírus natural por um laboratório chinês?
A proximidade de dois institutos que faziam pesquisa sobre
doenças infeciosas do mercado de animais de Wuhan, de onde pensa-se que o surto
se iniciou, certamente dá força a essa teoria.
Uma matéria do The Washington Post divulgou que diplomatas
americanos visitaram instalações de pesquisa chinesas em 2018, enviando dois
alertas sobre “segurança inadequada” ao governo dos EUA.
Segundo o jornal, os oficiais estavam preocupados com a
segurança e fraquezas de gestão no Instituto de Virologia de Wuhan, e
solicitavam mais ajuda. O local já havia recebido financiamento dos EUA,
juntamente com assistência de institutos de pesquisa americanos.
O artigo ainda alega que os diplomatas estavam receosos de
que a pesquisa com coronavírus de morcegos pudesse levar a uma nova pandemia
como a de SARS em 2002-2003.
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Procedimentos de
segurança
Os laboratórios que estudam vírus e bactérias seguem um
sistema conhecido como “normas BSL”, sendo que BSL significa “Biosafety Level”
ou “Nível de Segurança”. São quatro níveis, que dependem dos tipos de agente biológicos
que são estudados e das precauções necessárias para isolá-los.
O nível um, (BSL-1) é o menor, utilizado para o estudo de
agentes biológicos bem conhecidos que não representam uma ameaça para seres
humanos.
As medidas de precaução aumentam conforme os níveis
aumentam, sendo 4 o mais alto, reservado a laboratórios que estudam patógenos
perigosos para os quais não existem muitos tratamentos ou vacinas, como o ébola,
o vírus de Marburg e, no caso de apenas dois institutos nos EUA e na Rússia, a
varíola.
Essas normas são utilizadas no mundo todo, com poucas
diferenças (por exemplo, na Rússia, o nível mais alto é 1 e o mais baixo é 4).
Apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter publicado um manual sobre os
níveis, não existe nenhum acordo ou tratado sobre o BSL, de forma que não
existem regras que devam ser obrigatoriamente aplicadas em todos ou certos
países.
Dito isto, quem deseja fazer projetos com parceiros
internacionais, certos padrões são exigidos. O mesmo vale para quem quiser
vender produtos ou serviços, como testes, no mercado.
Tendo em vista que o Instituto de Virologia de Wuhan
trabalhava em conjunto com os EUA, os diplomatas recomendaram mais atenção e
auxílio ao laboratório. Porém, não ficou esclarecido que tipo de ajuda era
necessária.
Existem várias maneiras pelas quais as medidas de segurança
podem ser violadas em laboratórios que lidam com agentes biológicos, incluindo
acesso ao laboratório, treino de cientistas e técnicos, procedimentos para
manutenção de registos, inventário de patógenos, práticas de notificação de
acidentes, procedimentos de emergência e muito mais. Simplesmente não sabemos o
que havia de “errado” com o instituto de Wuhan.
Conclusões
É público que o Instituto de Virologia de Wuhan conduzia
pesquisas em coronavírus que afetam morcegos. Esse trabalho é legítimo e foi publicado
em revistas científicas internacionais. Levando-se em conta a experiência
chinesa com o surto de SARS anos atrás, esse tipo de estudo não é nenhuma
surpresa.
A questão da origem do Sars-CoV-2 é “muito difícil”, de
acordo com a Dra. Filippa Lentzos, especialista em biossegurança do King’s
College London (Reino Unido).
“Houve discussões nos
bastidores na comunidade de especialistas em biossegurança, questionando a
origem do mercado de frutos do mar que é uma mensagem forte na China”, disse.
Essas discussões são “silenciosas” justamente porque não há
evidências de que qualquer instituto de pesquisa em Wuhan tenha sido a fonte do
vírus.
Por outro lado, o presidente americano Donald Trump informou
que seu governo iria investigar a tal teoria da libertação de laboratório.
Contra a China existe o fato de que o país repetidamente escondeu ou omitiu
informações cruciais sobre a pandemia, tendo um forte histórico de falta de
transparência.
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Referencia//BBCNews
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