O coronavírus saiu de um laboratório? A BBC faz uma compilação do que existe

Desde que a pandemia de COVID-19 tornou-se um problema mundial, surgiram teorias da conspiração e hipóteses de que o vírus foi criado em ou libertado de um laboratório.
Apesar de todas essas especulações, não existe nenhuma evidência de que o Sars-CoV-2 tenha sido libertado propositalmente de um laboratório.



Laboratorio
Photo//BBCNews

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Quanto á a possibilidade de ele ter “escapado” sem querer de um laboratório, devido a brechas na segurança, é menos improvável. Existem relatórios americanos sobre instalações chinesas que apontam para algumas irregularidades.


Uma certeza: não é um vírus projetado em laboratório

Um rumor que se tornou viral em janeiro sugeria que o vírus havia sido projetado em laboratório, como uma arma biologica.
Essa alegação já foi refutada por diversos cientistas em diferentes estudos. Estes provam que o vírus não é um feito da engenharia genética, mas sim originou-se em animais, provavelmente morcegos.
Por exemplo, uma pesquisa publicada em março na revista Nature mostrou que o vírus não possui sinais de ter sido projetado.


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Ao comparar os dados disponíveis da sequência do genoma a cepas conhecidas de coronavírus, podemos determinar firmemente que o SARS-CoV-2 originou-se através de processos naturais”, disse um dos autores do estudo, Kristian Andersen, do Instituto de Pesquisa Scripps (Califórnia, EUA).


Acidente?

Ok, não é uma arma biológica malevolamente liberada sobre a população. Mas a suposição de que o coronavírus libertou-se acidentalmente de um vírus natural por um laboratório chinês?
A proximidade de dois institutos que faziam pesquisa sobre doenças infeciosas do mercado de animais de Wuhan, de onde pensa-se que o surto se iniciou, certamente dá força a essa teoria.
Uma matéria do The Washington Post divulgou que diplomatas americanos visitaram instalações de pesquisa chinesas em 2018, enviando dois alertas sobre “segurança inadequada” ao governo dos EUA.
Segundo o jornal, os oficiais estavam preocupados com a segurança e fraquezas de gestão no Instituto de Virologia de Wuhan, e solicitavam mais ajuda. O local já havia recebido financiamento dos EUA, juntamente com assistência de institutos de pesquisa americanos.
O artigo ainda alega que os diplomatas estavam receosos de que a pesquisa com coronavírus de morcegos pudesse levar a uma nova pandemia como a de SARS em 2002-2003.


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Procedimentos de segurança

Os laboratórios que estudam vírus e bactérias seguem um sistema conhecido como “normas BSL”, sendo que BSL significa “Biosafety Level” ou “Nível de Segurança”. São quatro níveis, que dependem dos tipos de agente biológicos que são estudados e das precauções necessárias para isolá-los.
O nível um, (BSL-1) é o menor, utilizado para o estudo de agentes biológicos bem conhecidos que não representam uma ameaça para seres humanos.
As medidas de precaução aumentam conforme os níveis aumentam, sendo 4 o mais alto, reservado a laboratórios que estudam patógenos perigosos para os quais não existem muitos tratamentos ou vacinas, como o ébola, o vírus de Marburg e, no caso de apenas dois institutos nos EUA e na Rússia, a varíola.
Essas normas são utilizadas no mundo todo, com poucas diferenças (por exemplo, na Rússia, o nível mais alto é 1 e o mais baixo é 4). Apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter publicado um manual sobre os níveis, não existe nenhum acordo ou tratado sobre o BSL, de forma que não existem regras que devam ser obrigatoriamente aplicadas em todos ou certos países.
Dito isto, quem deseja fazer projetos com parceiros internacionais, certos padrões são exigidos. O mesmo vale para quem quiser vender produtos ou serviços, como testes, no mercado.
Tendo em vista que o Instituto de Virologia de Wuhan trabalhava em conjunto com os EUA, os diplomatas recomendaram mais atenção e auxílio ao laboratório. Porém, não ficou esclarecido que tipo de ajuda era necessária.
Existem várias maneiras pelas quais as medidas de segurança podem ser violadas em laboratórios que lidam com agentes biológicos, incluindo acesso ao laboratório, treino de cientistas e técnicos, procedimentos para manutenção de registos, inventário de patógenos, práticas de notificação de acidentes, procedimentos de emergência e muito mais. Simplesmente não sabemos o que havia de “errado” com o instituto de Wuhan.


Conclusões

É público que o Instituto de Virologia de Wuhan conduzia pesquisas em coronavírus que afetam morcegos. Esse trabalho é legítimo e foi publicado em revistas científicas internacionais. Levando-se em conta a experiência chinesa com o surto de SARS anos atrás, esse tipo de estudo não é nenhuma surpresa.
A questão da origem do Sars-CoV-2 é “muito difícil”, de acordo com a Dra. Filippa Lentzos, especialista em biossegurança do King’s College London (Reino Unido).
Houve discussões nos bastidores na comunidade de especialistas em biossegurança, questionando a origem do mercado de frutos do mar que é uma mensagem forte na China”, disse.
Essas discussões são “silenciosas” justamente porque não há evidências de que qualquer instituto de pesquisa em Wuhan tenha sido a fonte do vírus.
Por outro lado, o presidente americano Donald Trump informou que seu governo iria investigar a tal teoria da libertação de laboratório. Contra a China existe o fato de que o país repetidamente escondeu ou omitiu informações cruciais sobre a pandemia, tendo um forte histórico de falta de transparência.
 As guerras políticas entre as nações não importam para a ciência, contudo. Os investigadores continuarão fazendo seu trabalho para descobrir a origem do vírus.


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Referencia//BBCNews


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